Juliano sempre se orgulhou de manter o controle. Do patrimônio, da esposa, da filha, da narrativa. Era o homem que moldava os fatos, que definia quem era herói e quem era louco. E quando Clarice fugiu da clínica, ele acreditou que ainda conseguiria reverter tudo — com tempo, dinheiro e silêncio.
Mas o que ele jamais imaginou era que
Bia, sua própria filha, cruzaria a linha entre obediência e traição.
Tudo começou com uma suspeita. Uma criada comentando que Bia havia passado dias fora da cidade. Depois, uma ligação não atendida. Um bilhete esquecido com o nome de Petrópolis rabiscado no verso de um jornal. Juliano sentiu o sangue gelar.
Foi até o quarto da filha e revirou a cômoda. Encontrou, entre roupas dobradas e perfumes caros, uma carta escrita por Clarice — singela, emocionada, assinada com o carinho de uma mãe redescoberta.
Naquele instante, Juliano entendeu: Bia havia ido atrás da mãe.
Juliano desceu as escadas como um homem possuído. Maristela, que tomava chá na varanda, levantou-se ao vê-lo pálido e com a carta nas mãos.
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