“Oh, meu filho, você me deu tanta coisa, tanta coisa”, disse dona Celeste ao receber um diamante feito a partir de fios de cabelo de Pelé.
A matriarca da família Nascimento agradeceu o presente e, caridosa, imediatamente anunciou que iria doar a joia.
“Eu quero, sabe, meu filho, entregar lá para o hospital das crianças.” Referia-se ao Instituto Pelé Pequeno Príncipe em Curitiba (PR), especializado no atendimento hospitalar de crianças e adolescentes carentes, do qual o ídolo da bola era padrinho.
O gesto de solidariedade da mãe fez o Rei do Futebol desabar em emoção. A cena do ex-jogador chorando no ombro de dona Celeste foi exibida no ‘Fantástico’ em 2009. (.)
Na época, o diamante artificial de 0,6 quilates, confeccionado em uma fábrica na Espanha, tinha um valor apenas simbólico.
Já o diamante natural, encontrado somente na natureza, é de carbono puro e está entre as pedras preciosas mais valiosas do planeta.
Hoje, após a repercussão internacional da morte de Pelé e da ressignificação de seu legado como atleta e ativista de causas sociais, a peça de cor amarelo âmbar teria preço de joia verdadeira.
Um leiloeiro ouvido sob a condição de anonimato pelo Sala de TV calcula que aquele diamante produzido especialmente para dona Celeste com os fios tirados da cabeça de seu primogênito poderia atingir entre R$ 100 mil e R$ 200 mil em razão de seu forte simbolismo.
Um valor bem acima de artigos do lendário Camisa 10 arrematados anos atrás.
Em março do ano passado, outra camisa – apresentada como parte do uniforme do craque no Mundial de 1970 – foi arrematada também em Londres por 157 mil libras, aproximadamente R$ 1 milhão na época.
O diamante com o DNA de Pelé foi entregue à direção do Instituto Pelé Pequeno Príncipe pela irmã do ex-jogador, Maria Lúcia Nascimento, em maio de 2010.
Quatro anos depois, foi lançada uma coleção de diamantes artificiais semelhantes ao primeiro, também com resíduos dos cabelos do ex-jogador.
Cada um custava 7.500 dólares, cerca de R$ 17 mil na cotação daquele momento. Parte da renda obtida com a venda das peças foi revertida para as operações do hospital paranaense.
Dona Celeste completou 100 anos em novembro. Está acamada em consequência de uma doença neurodegenerativa. Para preservá-la, a família não contou sobre a morte de Pelé, ocorrida em dezembro.
Ela perdeu o outro filho, Jair, o Zoca, em março de 2020. Foi vítima de câncer de próstata aos 77 anos.
A filha Maria Lúcia, de 78, é quem cuida de dona Celeste. As duas moram em um apartamento em Santos. Vivem de maneira confortável, mas sem luxo.
Uma pensão deixada pelo patriarca João Ramos, o Dondinho, é a renda principal. O pai de Pelé, Zoca e Lúcia morreu aos 79 anos, de insuficiência cardíaca, em novembro de 1996.
A advogada Danielle Zilli, filha de Maria Lúcia, colabora para o bem-estar da mãe e da avó. Nenhuma delas foi citada no testamento deixado pelo ex-jogador.
Pelé sempre teve uma relação carinhosa com a mãe. Via nela um exemplo de força e sensibilidade. Em uma entrevista à CNN Brasil, em 2021, o maior atleta do Século XX comentou a respeito.
“Tenho de agradecer a Deus porque todas essas linhas certas (na minha vida), era minha mãe quem dava. Dona Celestinha, obrigado, viu. Não fiz nada errado para a senhora não me dar bronca, tá bom?”