Juliano não dormia há dias. Desde a fuga de Clarice da clínica, tudo parecia sair do controle. Maristela, com sua frieza habitual, tentava manter as aparências. Mas ele sabia: o plano havia fracassado. E pior — a verdade podia vir à tona a qualquer momento.
Foi numa noite chuvosa que Juliano recebeu uma informação que o fez tremer: Clarice estaria escondida na casa de Carmem, sua própria mãe.
O sangue gelou. Carmem sempre fora austera, mas justa. Se ela descobrisse o que ele e Maristela haviam feito, não hesitaria em protegê-la.
Sem pensar duas vezes, Juliano vestiu o sobretudo, pegou o chapéu e correu até a estação mais próxima. Pegou o primeiro trem rumo a Petrópolis, apertando a aliança no dedo como se isso ainda significasse alguma coisa.
A casa de Carmem ficava numa colina tranquila, cercada por árvores centenárias.
O portão de ferro estava entreaberto, e as luzes da sala ainda acesas apesar da hora avançada.
Juliano subiu os degraus com pressa, batendo à porta com força. Carmem demorou a atender. Quando abriu, seus olhos carregavam algo que Juliano não via há muito tempo: desprezo.
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