A tarde caía lenta sobre a mansão, e o corredor que levava à sala principal estava imerso num silêncio estranho. Sofia caminhava devagar, segurando uma xícara de chá nas mãos. Ao longe, ouvia a voz grave de Jaques ecoando, misturada ao som suave das respostas de Rosa. Mas não era uma conversa comum.
Sofia percebia na entonação da avó algo que só quem a conhecia profundamente saberia identificar: uma mistura de tensão e desconforto.
Nos últimos meses, Rosa vinha enfrentando esquecimentos cada vez mais frequentes. Pequenas coisas, no início — onde havia colocado os óculos, a data de um compromisso, o nome de uma vizinha antiga. Mas com o tempo, esses lapsos começaram a aumentar. Ainda assim, ela se esforçava para disfarçar, temendo que sua vulnerabilidade fosse usada contra ela, especialmente por alguém como Jaques, que não escondia sua postura calculista.
Ao entrar na sala, Sofia viu a cena que já imaginava: Jaques sentado com as pernas cruzadas, folheando alguns papéis, enquanto Rosa tentava responder a uma pergunta sobre um antigo negócio da família.
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