Uma noite que começa como qualquer outra termina marcada por um rompimento de confiança e por uma decisão sem volta. A Paladar esvazia depois do expediente: cadeiras sobre as mesas, o cheiro de desinfetante misturado ao dos últimos pratos, a porta da cozinha semiaberta deixando entrar uma faixa de ar fresco.
Gilda, de mangas arregaçadas, termina de enxaguar os copos; Pascoal confere a despensa com um bloco de anotações. Nada sugere turbulência até que um detalhe fora do lugar acende o alerta: Walter surge com pressa demais.
Ele aparece no corredor dos fundos com a mochila atravessada, olhar varrendo para os dois lados, passos leves de quem quer desaparecer. Gilda interrompe o gesto automático de guardar o pano e semicerra os olhos.
“Ele tá saindo de fininho de novo”, sussurra, enxugando as mãos no avental. Pascoal encosta no batente da porta, cruza os braços, observa o gerente evitar o salão e atravessar o beco para a rua lateral.
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