Desde que foi convidada para palestrar em um evento beneficente sobre reabilitação e superação pessoal, Heleninha vinha se preparando com dedicação. Era sua chance de transformar a dor em exemplo, de mostrar que se reergueu, que sobreviveu. Mas quando soube que Ivan poderia estar presente no auditório, algo dentro dela
trincou.
— Eu não sei se consigo — diz Heleninha, durante um ensaio na sala do centro cultural.
E quem escuta o desabafo é Eugênio, seu melhor amigo e apoio incondicional desde os tempos mais difíceis.
— Mas você ensaiou tanto, Heleninha… tá pronta. Você sabe disso.
Ela balança a cabeça.
— Não é o palco que me assusta. É o olhar dele.
A presença que desestabiliza
Eugênio senta ao lado dela, preocupado.
— É por causa do beijo?
— É por causa de tudo. Do beijo, da história, da saudade, da culpa. Eu achei que tava forte. Que ia conseguir falar da minha trajetória com firmeza. Mas só de imaginar ele ali, sentado me olhando, eu me desmancho por dentro.
O artigo não está concluído, clique na próxima página para continuar