Santana do Agreste está mais calma. Depois das tempestades políticas, revelações explosivas e escândalos sentimentais, um raro dia de brisa leve paira sobre a cidade. E é nesse clima de recomeço que Leonora e Ascânio se reencontram — não apenas como casal, mas como dois sobreviventes do tempo e das escolhas.
Desde que os dois se separaram, muita coisa mudou. Leonora, mais firme, mais dona de si. Ascânio, mais sensível, mais atento às complexidades do mundo que antes fingia não ver. Mas entre eles, sempre restou um silêncio carregado de saudade.
O reencontro começa simples. Um acaso. Uma conversa cruzada na biblioteca da prefeitura, onde Leonora leva doações para um novo projeto de leitura.
— Você ainda lembra como eu gosto dos livros organizados por cor — comenta ela, ao ver a estante recém-arrumada.
— Eu nunca esqueci nada do que você gosta — responde Ascânio, com um leve sorriso.
Eles se encaram. O tempo parece suspenso.
— A gente mudou, né? — pergunta ela.
— A gente cresceu. E isso, no nosso caso, foi quase a mesma coisa.
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