Bia não tinha mais notícias da mãe havia dias. As cartas que costumava receber com regularidade deixaram de chegar. Juliano dizia que Clarice havia se recolhido para repousar. Maristela, com aquele olhar sempre superior, limitava-se a dizer que ela precisava de "tratamento".
Mas Bia conhecia os silêncios da casa.
Sabia distinguir entre descanso e prisão. E, no fundo, sentia — com o instinto certeiro de quem ama — que Clarice estava em perigo.
Foi então que, vasculhando a escrivaninha de Clarice, Bia encontrou um bilhete esquecido com o endereço de Petrópolis, a cidade onde sua mãe havia vivido antes do casamento. Sem dizer nada a ninguém, Bia vendeu uma pulseira de ouro e comprou uma passagem no trem noturno.
Vestiu seu casaco de lã e partiu sozinha, carregando apenas uma pequena mala e uma carta inacabada que Clarice havia deixado para trás.
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