Desde que Abel morreu, Sofia vinha sentindo um vazio difícil de explicar. Embora Leona fizesse de tudo para preencher a ausência do pai, existiam momentos — principalmente à noite — em que a saudade falava mais alto.
A menina guardava com carinho uma das últimas fotos que tinha dele: os dois rindo na porta da fábrica Boaz, pouco antes de tudo desmoronar.
Toda noite, antes de dormir, ela deixava a foto ao lado da cama e fazia uma pequena oração, pedindo para que o pai a ouvisse, onde quer que estivesse.
— Papai, cuida da gente aí de cima, tá? — sussurrava, com os olhos marejados.
Mas naquela noite, diferente das outras, Sofia adormeceu em silêncio… e algo extraordinário aconteceu.
No sonho, ela se viu em um campo florido, iluminado por uma luz suave e dourada.
O vento balançava as flores, e um cheiro de jasmim tomava o ar. A menina olhou ao redor, confusa, até ouvir uma voz familiar chamando seu nome.
— Sofia…
Ela virou-se, e o coração quase parou. Abel estava ali — sorrindo, sereno, usando a mesma camisa azul que vestia nas lembranças mais felizes.
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