A manhã em Santana do Agreste amanhece abafada, o tipo de calor que prenuncia tempestade — e não só no céu. Ascânio sai da prefeitura com passos firmes e rosto tenso, os papéis do dia apertados contra o peito. Ele caminha pela rua principal, tentando organizar os pensamentos, quando vê Mirko se aproximando no sentido oposto.
O canalha tem as mãos nos bolsos e um sorriso cínico no rosto.
— Ora, ora… se não é o secretário bonitão — diz ele, debochado. — Podemos conversar um minuto?
Ascânio para, o olhar carregado de desprezo.
— Se for sobre o Mangue Seco, nem precisa abrir a boca.
Mas Mirko insiste, aproximando-se lentamente.
— É sobre isso, sim… e sobre a sua adorável Leonôra.
A menção ao nome da amada acende um alerta em Ascânio.
O canalha continua, agora com um tom mais baixo, quase venenoso.
— Eu sei quem ela foi em São Paulo. Sheila… era assim que atendia, não era? Bonita, famosa… muito requisitada.
Ascânio cerra os punhos. O sangue começa a ferver.
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