Antônio Cláudio Alves Ferreira, 30, permaneceu em silêncio durante depoimento à Polícia Federal na noite de ontem (24) em Uberlândia (MG). Ele foi preso na cidade mineira e levado para uma delegacia da PF. De lá, foi transferido para o presídio Professor Jacy De Assis, onde passou a noite.
A PF informou que ele é investigado sob a acusação dos crimes de:
Abolição violenta do Estado democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado; associação criminosa; incitação ao crime; destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
Segundo a polícia, não houve resistência no momento da prisão e Ferreira deve ser transferido para Brasília, onde é alvo da Operação Lesa Pátria.
Na manhã desta terça, a PF fez uma operação de busca e apreensão na casa de Antônio Ferreira em Catalão (GO), a 250 km de Goiânia. Segundo a corporação, foram apreendidos na casa dele: um celular; um veículo e uma caderneta contendo anotações.
Quem é o golpista
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o homem foi filmado pelo circuito interno do Palácio do Planalto, em Brasília, em 8 de janeiro, derrubando o relógio Balthazar Martinot, do século 17, presente da corte francesa para Dom João 6º. Ele usava uma camiseta estampada com a foto do ex-presidente.
A Polícia Civil de Goiás confirmou a identidade de Ferreira no último domingo, quando ele passou a ser considerado foragido.
O bolsonarista tem outros dois processos na Justiça: ameaça, em 2014, e tráfico de drogas, em 2017. Segundo a Polícia Civil de Goiás, os casos estão arquivados, pois Antônio Ferreira já cumpriu as sentenças.
Valor histórico e simbólico
O relógio de pêndulo destruído é atribuído ao famoso relojoeiro francês Balthazar Martinot. Embora Martinot tenha produzido várias peças para a corte francesa, apenas dois exemplares resistiram ao tempo — um deles é o que foi trazido ao Brasil em 1808. O outro está guardado no Palácio de Versalhes, em Paris.
Segundo o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, o valor material do relógio destruído é enorme, mas seu valor histórico e simbólico é ainda maior. Segundo Carvalho, é possível restaurar a peça, mas a eficácia do serviço é incerta.