A notícia da gravidez de Celeste pegou todos de surpresa, inclusive Edu. O jovem, embora assustado, não hesitou: assumiu a responsabilidade, casou-se com ela e foi morar na casa do sogro, Raimundo, homem rígido, tradicional e que nunca escondeu o olhar crítico sobre o genro.
— Se você vai ser marido da minha filha, tem que provar que aguenta — disse Raimundo, entregando a chave do quarto e o peso da cobrança.
Edu sentiu. Desde então, vive com um único pensamento: dar uma casa digna para Celeste e o bebê. Só que, para isso, ele precisou multiplicar a própria rotina — assumindo dois empregos ao mesmo tempo, sem contar a ninguém, nem à própria esposa.
Durante o dia, Edu trabalha como estoquista numa distribuidora. À noite, com o crachá escondido na mochila, vai direto para o segundo turno em um
boliche da zona norte, onde ajuda no atendimento e na limpeza. Volta para casa de madrugada, dorme duas ou três horas, e recomeça tudo outra vez.
— É só por um tempo — repetia para si mesmo. — Até juntar o suficiente pra sair da casa do Raimundo.
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