O hospital estava silencioso. O som distante de passos ecoava pelos corredores, misturado ao sutil bip dos monitores. Dita caminhava devagar, o coração apertado, o corpo cansado de lutar contra algo que já não era raiva, mas saudade.
Desde o dia em que soubera do envolvimento de Candinho com Zulma, seu mundo parecia ter perdido o ritmo.
Tudo o que ela havia acreditado, o amor que julgava sincero, havia se despedaçado como vidro no chão.
Mas ali, entre paredes brancas e o cheiro de remédio, algo mudava. Candinho, deitado na cama, respirava com dificuldade. O rosto ainda trazia marcas de dor, mas os olhos… ah, os olhos continuavam os mesmos — limpos, sinceros, cheios de bondade.
Ela hesitou na porta, observando-o em silêncio.
— Pode entrar, Dita — disse ele, com um sorriso cansado.
— A cama é grande, mas o coração é maior.
Ela segurou o riso. — Ainda fazendo graça, mesmo depois do que aprontou.
— O riso é o que me sobrou — respondeu ele. — E a esperança… de te ver aqui.
O ar ficou pesado.
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