A fábrica de biscoitos estava silenciosa demais quando o sol começou a nascer. O cheiro de fumaça ainda pairava no ar, impregnado nas paredes chamuscadas, nos tijolos, nas máquinas retorcidas. O incêndio criminoso da noite anterior não apenas destruiu parte da estrutura — destruiu também a esperança de reconstrução imediata de Candinho, que agora caminhava entre os destroços com o coração apertado.
As mãos dele tremiam ao tocar os restos carbonizados de uma das máquinas.
A fábrica que representava suor, trabalho, memória… agora era ruína.
Até que ouviu passos.
E então, uma figura familiar se aproximou devagar:
Professor Asdrúbal.
Com os óculos escorregando pelo nariz, o paletó amarrotado e o olhar carregado de indignação, ele parou ao lado de Candinho e observou o estrago.
— Isso aqui não foi acidente — disse Asdrúbal, com a voz firme e cortante.
— Foi obra de alguém que sabia exatamente onde atacar.
Candinho suspirou fundo.
— Eu só queria trabalhá, professor… só isso… reconstruí a vida… fazer o que minha mãezinha sempre quis… e aí me acontece isso.
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