Desde o dia em que Simbá tentara pintar as patas de Policarpo e acabou se machucando, Samir não engolira a história.
Para ele, o menino fora irresponsável e, acima de tudo, injusto — jogara a culpa no pobre burro, fazendo com que o inocente quase fosse preso.
Naquela noite, enquanto observava o estábulo, Samir comentou com Quitéria, que limpava o chão da varanda:
— Eu não suporto ver o Candinho triste daquele jeito, dona Quitéria. Tudo por causa da bagunça que o Simbá aprontou.
— Deixa pra lá, menino — respondeu ela, suspirando. — O Candinho já perdoou o coitado.
Mas Samir balançou a cabeça, com um sorriso travesso. — Perdoou, sim… mas eu ainda não.
E foi assim que o garoto começou a bolar seu plano de “justiça”.
“Se o Simbá gosta de inventar histórias, então vai viver uma de verdade”, pensou ele.
Era uma sexta-feira silenciosa.
A lua estava alta e a mansão de Candinho dormia em paz — ou quase.
Samir esperou todos irem para seus quartos e saiu de fininho, levando uma lanterna, um lençol branco e uma flauta velha que achara entre as coisas de Pancrácio.
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