Naquela manhã, o sol entrava tímido pela janela do quarto modesto onde Túlio passara as últimas semanas revisando anotações e decorando protocolos médicos. O diploma pendurado na parede parecia um troféu distante — símbolo de esforço, mas também de espera. Desde que chegara à cidade, procurava uma chance de exercer a profissão que escolhera não apenas por vocação, mas por amor à vida.
O som do rádio trazia notícias triviais, até que o nome Hospital Aurora ecoou na programação local. A vaga que ele sonhava havia sido aberta.
— Precisa de médico clínico, com experiência e coração — dizia o locutor, num trocadilho curioso.
Túlio anotou o endereço com a pressa de quem sabe que destino não repete convite. Vestiu a camisa branca, o paletó que já vira dias melhores e saiu decidido. A cada passo, lembrava-se de Estela, a mulher que o inspirara a seguir medicina, e de como a vida havia os separado de forma abrupta.
Prometera a si mesmo que não olharia para trás. Mas, como todo coração que jura esquecer, ainda batia descompassado sempre que o nome dela cruzava sua memória.
No hospital, o primeiro rosto que encontrou foi o de Lauro, médico experiente e respeitado, conhecido por seu rigor e generosidade.
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